Entrevista - Alexandre Duayer - The Originals

É pela vida, pela diversão, pelo prazer de experimentar novas conquistas e
quebrar convenções e idéias pre-concebidas! A liberdade está à distância de uma pedalada.
Foto: arquivo pessoal.

The Originals, os originais, são pessoas de carne e osso! Amigos com história de vida e experiências para contar, gente brindada com algo muito precioso do qual eles resolveram cuidar de uma forma bem melhor: a vida! Por isso nos inspiraram a criar o XL Biking, e nos inspiram até hoje!


Palestra do Duayer no TEDx talk, Blumenau.
Link: Manifestar e se divertir
Antes do XLbiking virar realidade e interagir com grupos de vários países influenciando a indústria do ciclismo e inspirando outros gordinhos (Daí o nome XL-biking) a pedalarem pela vida e pela diversão, o que existiam eram o medo, a vergonha e as muitas dúvidas! Já se sentiu assim?
Foi nesse período de densas nuvens negras (dramático, eu?) que me deparei com um vídeo no YouTube que revolucionou e me respondeu muitas perguntas.


É com muito prazer que trazemos aqui o Alexandre Duayer, Godfather do XLbiking e uma figura que vale a pena conhecer! Ciclista de experiência internacional em trajetos urbanos e cicloturísticos, ele tem muito a nos oferecer! Duayer, vamos direto ao assunto:

| O nome a gente já sabe, mas qual sua profissão?


Sou formado em Administração de Empresas pela UFRJ com pós-graduação em Comércio e Finanças Internacionais pela FGV/RJ, mas larguei a vida corporativa e me tornei Guitar Tech. Atualmente estou em turnê com Lulu Santos, mas já fiz parte da equipe do Rappa, Paralamas do Sucesso, Nx Zero, Pitty, Marcelo D2 entre outros.

| Quando começou a paixão pela bike e o que te levou a pedalar pra valer?


Em ação no Velódromo Olímpico. Um dia pra testar algo único
e diferente. Foto: arquivo pessoal. 
Minha história com a bicicleta não é diferente da maioria das pessoas. Ainda na infância ganhei de minha mãe uma caloi dobrável azul, foi aí que tudo começou! Quando passei para a faculdade, aos 17 anos, a bicicleta já estava mais que encostada e meio que nos separamos. Já estava com quase 30 anos quando me reaproximei e usava uma Caloi 100 para ir trabalhar.
Quando morei em Curitiba cheguei ao auge do meu sedentarismo e de peso (132 kg) e decidi voltar a usar a Caloi 100 como atividade física. As pedaladas iniciais foram de 10km tipo 2 a 3 vezes por semana. Quando mudei para São Paulo, onde moro há quase 10 anos, morria de medo de pedalar na rua, e por não ter carro não conseguia imaginar como chegar nos parques ou ciclovias pra pedalar. No início inventei um circuito perto da minha casa onde quase não passam carros e comecei a fazer esse pedal 2 vezes por semana. Aqui em SP tem uma coisa muito legal que é a ciclofaixa de Domingo, isso me ajudou muito a criar coragem e começar a pedalar pela cidade. Quanto mais pedalava mais me animava e resolvi dar um upgrade na bike: comprei uma Mountain Bike, mais por falta de informação pois não era bem o que eu queria; todavia me deu ainda mais ânimo e criei uma rotina de exercícios. De bike nova passei a pedalar praticamente todos os dias. Encontrei grupos de ciclistas noturnos e a internet me ajudou bastante; eu via os grupos e me jogava neles sem conhecer ninguém! Depois de um tempo minha esposa começou a pedalar também, isso me animou bastante, já que apesar de gostar de pedalar sozinho, ter companhia de vez em quando é muito bom! Alguns amigos curtiram a idéia e montamos um grupo chamado "Babaiquers", que não é nada além de gente que se diverte pedalando. O tempo passou e praticamente voltei ao modo Lobo Solitário. Em dias chuvosos ainda é bem difícil encontrar ânimo para pedalar. 
Por que o ciclismo? Não sei dizer, creio que tem a ver com a combinação de transporte, esporte e lazer tudo ao mesmo tempo. 

| Alguma pedalada épica?


Foto: arquivo pessoal.

Tem uma frase de uma música do Rappa (Lado B Lado A) que eu adoro:

"A vitória de um homem às vezes se esconde em um gesto forte que só ele pode ver"


O pedal que fiz que mais chama a atenção das pessoas foi o Audax 200 (km) que concluí. Acho que tem pedais que tem um gosto forte de conquista por uma série de motivos. 
Paixão extravagante pela bike!
Foto: arquivo pessoal.


A viagem que fiz com minha esposa saindo de Paris e terminando em Colônia, passando pela Bélgica e Holanda foi inesquecível! Pedalar no Velódromo Olímpico do Rio de janeiro também tem que entrar na lista de coisas incríveis que fiz com a bicicleta. 
Acho que todo pedal que se apresenta como desafiador por algum motivo, soma no final! 




| Uma experiência ruim e uma boa no pedal


Meu primeiro furo de pneu foi bem ruim. Eu tinha um kit de reparos mas não sabia usar, e ainda por cima a cola do remendo da câmara tinha secado! Vários ciclistas passaram por mim e não me ajudaram, mesmo eu tendo pedido. Aprendemos com essas experiências também. Hoje não saio de casa sem 2 câmaras de ar reserva, kit de reparos funcionando, chaves, etc. Sempre auto-suficiente. Naquele dia percebi que as pessoas no geral não estão tão dispostas a ajudar aos outros. Cada problema gera uma lição. Errar é humano, insistir no erro é burrice. 
Experiências boas são as paisagens e lugares que guardo na memória. Fotografo muito pouco em meus pedais, registro melhor na memória e gosto de curtir os momentos. As pessoas que conheci devido à bicicleta também me são muito valiosas! 

| Todo mundo quer saber: o Lulu Santos pedala? E, outros artistas?


Dado Villa Lobos pedala forte!
Foto: Pinterest.

Cara, sei que ele (Lulu) pedalava na Lagoa, bairro do Rio de Janeiro onde ele mora, mas estórias de bike com ele só com ele mesmo. Acredito que muitos artistas tem estórias de bicicleta muito semelhantes com as de todos nós. Sei que o Dani (Batera do Nx Zero, e agora tocando com a Pitty) dá seus passeios por SP, assim como o Lucas (Vocal e guitarra) do Fresno também faz seus giros. Quem pedala forte e é difícil de ficar na roda é o Dado Villa Lobos (Legião Urbana).





| O vídeo de sua viagem foi um divisor de águas para mim e me fez acreditar que eu poderia pedalar longas distâncias. Alguma dica para nós gordinhos?


Bem, vou dizer o que funciona pra mim. Acho que nós gordinhos temos a desvantagem do peso e isso vai influenciar na performance. Então é preciso entender que não vai dar pra andar na roda de ciclistas mais magros (Às vezes até 50kg mais leves), super treinado e numa bicicleta de 7kg subindo a serra, faz parte do jogo. Em contrapartida, deixar de subir a serra só porque é difícil é bobagem também. Há o problema do condicionamento físico e da carga para o coração. 
Então não recomendo começar nenhuma atividade física sem antes ir ao médico e monitorar. Eu, assim que comecei a pedalar e treinar, comprei um computador com frequência cardíaca e não pedalava sem monitorar isso. Conseguir uma assessoria ou personal pra dar uns toques também ajuda muito. A maioria dos vídeos e artigos na internet são direcionados a pessoas mais magras ou com peso padrão, mas com o tempo e prática você vai aprendendo a se perceber melhor. Coisas como ritmo, cadência, frequência para se hidratar e se alimentar vão ficando mais claras. Costumo dizer que sou do pelotão do "rodo", tipo: depois de mim não chega mais ninguém. Mas, me acho resiliente, o famoso "devagar e sempre".

| Na sua opinião o que é essencial pra pedalar com segurança?

O ciclista só não é mais frágil que o pedestre - mas, este não trafega na pista com automóveis e afins! A coisa mais importante a meu ver chama-se bom senso! Sem ele as demais dicas são inúteis! Estar sempre visível, com roupas claras, luzes à noite e de dia também. Não pedalo sem capacete, luzes, óculos e luva nem pra ir na esquina! Mesmo estando certo evito discussões no trânsito. Pedale sempre prestando atenção à sua volta. Eu nunca pedalo de fone e quando quero música pra me acompanhar levo uma caixinha Bluetooth. A bicicleta sempre funcionando bem e revisada é senso comum, mas na prática vejo pouca gente fazendo check na bike antes de colocar na rua.

| Opa, quase esqueci! Alguma dica de lanche (pergunta de gordo?) antes, durante ou depois do pedal?


Cultura de ciclismo e ótimos petiscos no KOF.
Link: King of the Fork
Lanche durante o pedal sempre depende do pedal que vai ser feito. Normalmente levo gel apenas em pedais longos e pesados; mas, gosto de alternar com comida: tapioca com peito de peru e queijo branco me alegra!
Depois do pedal indico uns lugares que gosto bastante aqui em SP. O Musette Cafe tem um cardápio enxuto e tudo o que tem lá é maravilhoso. O Lanterne Rouge e também o King of the Fork são bike friendly, tem bons petiscos e são ótimos para encerrar o pedal!




| Muito obrigado por tirar um tempo pra conversar com a gente! Algum shoutout ou agradecimento que você queira fazer?


Shredding com outro instrumento.
Foto: Arquivo pessoal. 
Olha, se eu fosse agradecer a alguém seriam as pessoas que me incentivam e/ou me fazem melhorar e entender melhor esse esporte. Em primeiro lugar a Alice, minha esposa que quando quer pedalar é a melhor companhia de todas! Tem também o Eduardo Jardim, Rodrigo Babo e Bruno Azevedo, que são os caras que quando vou ao Rio me dão a maior moral! Aqui em SP tem a Pedal Power , em especial Dani Aliperti, Karol Rombauer, Jair Vasconcellos, Alexandre Chola e Gui que sempre tem a maior paciência em me tirar dúvidas e me aguentar zanzando pela loja! Fernando Fernandes, Fernando Siqueira (Red. Também XL-biking original), Claudia Franco e as Ciclofemini pela parceria nos pedais. Claro que me esqueci de um monte de gente, mas se lembrasse de todos não seria mais eu... rs rs rs.




| Querido leitores, nossa idéia é inspirar ainda mais pessoas (especialmente gordinhos como nós) a pedalarem por uma melhor qualidade de vida em todos os aspectos. Divulgando nosso blog e artigos você também pode fazer diferença! Agradecemos! Abraços e boas pedaladas! 


Ebbe Paz - XLbiking. 


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Links:

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